sexta-feira, 31 de julho de 2020

Amargor

A Náusea já não acomete
o meu ser, ele a repele;
não suporta desfalecer
quando submerso está
a sentir o seu desaguar
demasiado indelicado.
O que me restou
da sua presença indolor
foi somente o Amargor
que impregnou o meu olhar,
tornando-me descrente
em relação a tantas coisas
que adoeciam a minha mente,
embora fossem inexistentes.
Há traços do Obscuro
no meu caminhar hesitante.
Já não posso ser como antes!
Divagante, a criatura errante
que em mim faz morada,
por vezes, estagna na estrada
e observa a estremecer
a multidão que desfila
sem porquê nem pra quê
na passarela do maldizer
que corrói o pensar
daqueles que por ela
ousarem andarilhar.
Nada falo, tudo escuto.
O soberano saber é mudo.

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