terça-feira, 23 de julho de 2019

Resenha - O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë


BRONTË, Emily. (1818 - 1848). O Morro dos Ventos Uivantes. São Paulo: Editora Landmark, 2012.

Título Original: Wuthering Heights
Tradução e Notas: Doris Goettems
Edição Bilingue: Português / Inglês
Edição Especial de Luxo

O Morro dos Ventos Uivantes conta a história da família Ernshaw a datar do instante no qual o Mr. Ernshaw leva para casa Heathcliff, que vem a se tornar irmão adotivo de Catherine e Hindley. Desde o princípio, houveram complicações da parte de Hindley em aceitar o novo membro da casa, ele ficou enciumado, pois o pai se apegara deveras ao “menino de rua”. Em compensação, Catherine via Heathcliff como companheiro para as suas meninices, o que mudara após o falecimento de Mr. Ernshaw (a Mrs. Ernshaw morreu anteriormente sem fornecimento de detalhes na narrativa) e o jovem Hindley acaba ficando responsável pela casa, fazendo de Heathcliff um empregado, humilhando-o constantemente.


A história se passa em uma localidade rural e não está sujeita à ascensão que ocorreu na capital no decurso da Revolução Industrial na Inglaterra. A propriedade da família Ernshaw chama-se “Wuthering Heights” ou em tradução livre para o português “O Morro dos Ventos Uivantes”, que intitula o romance. A narrativa também se passa em Thrushcross Grange (Granja Thrushcross), a propriedade dos vizinhos que não eram tão avizinhados, a família Linton.
O enredo toma um curso diferente após Catherine casar-se com Edgar Linton sem amá-lo. O seu verdadeiro amor era Heathcliff, mas como ele não era um homem de propriedades, ela o renegara. Após o ocorrido, Heathcliff vai embora, ausentando-se por dois anos, retornando rico e com o objetivo de se vingar de todos, sem exceção.
Os núcleos familiares construídos por Emily Brontë são complexos, assim como as suas personagens. Catherine é demasiado impulsiva e possuidora de uma personalidade forte. Heathcliff não é muito diferente dela, e por conta do seu anseio doentio por vingança, se torna um bárbaro.
O Morro dos Ventos Uivantes é um romance tão intricado que não nos permite afirmar se há personagens boas ou más. Há elementos góticos na narrativa. Nos deparamos com momentos aterrorizantes, misteriosos e sobrenaturais. A sua estrutura dramática advém de uma faustosa combinação de dois gêneros: o romantismo e o realismo inglês, na era vitoriana inglesa. 

Melhores quotes da obra:

"Um homem sensato deve encontrar companhia suficiente em si mesmo" p. 37

"Não é porque ele é bonito, Nelly, mas porque ele é mais eu do que eu própria. Não importa do que são feitas nossas almas, a dele e a minha são iguais" p. 97

"A maior razão da minha vida é ele. Se tudo desaparecesse e só ele restasse, continuaria a existir. E se tudo o mais permanecesse, e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria um estranho, e eu não mais faria parte dele" p. 99

"traição e violência são lanças de dois gumes; ferem aqueles que recorrem a elas mais do que aos seus inimigos" p. 205

"O que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este piso sem ver os seus traços impressos nos ladrilhos! Em cada nuvem, em cada árvore — enchendo o espaço à noite, e espelhando-se em cada objeto durante o dia — vivo rodeado por sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres  — os meus próprios traços — zombam de mim com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível coleção de marcas da sua existência, e de que eu a perdi!" p. 375