quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Resenha - A Menina Submersa: Memórias, de Caitilín R. Kiernan


KIERNAN, Caitilín R. A Menina Submersa: Memórias. São Paulo: DarkSide Books, 2014. 320 p.

"A Menina Submersa: Memórias" foi o segundo livro da Editora DarkSide Books que eu adquiri (o primeiro foi Exorcismo) e sim, foi amor à primeira vista. Eu confesso que, a princípio, o que mais me chamou atenção no exemplar foi a aparência enigmática. Eu senti que aquele belo livro tinha algo muito importante a me dizer, e o meu sentir não estava errado. Algumas pessoas alegam haverem largado a leitura por ser de difícil entendimento, arrastada etc., e, sinceramente, pela experiência que eu tive, afirmo sem sombra de dúvidas: tais pessoas leram errado.
O teor do livro é meditativo, logo, nem pense em devorá-lo, pois essa obra carece de ser degustada.


A estória  é escrita e narrada em primeira pessoa por uma personagem esquizofrênica e a sua graça é India Morgan Phelps, mais conhecida como Imp (que significa criança levada em inglês). Eu aconselho que fiquem atentos à trama, porque a personagem conta a seu modo e da forma que consegue recordar. Quando Imp considera alguma lembrança demasiado árdua, ela não a cita, segue adiante falando sobre coisas menos complicadas e, ao retornar ao assunto anteriormente reprimido, ainda assim, faz rodeios.

  "Mas Jeane, pelo que você está falando, o livro realmente parece ser coisado" ─ de jeito nenhum, leitor cismado! Se você estiver determinado a compreender as divagações da narradora, com certeza será fisgado pela sua narrativa fantasmagórica.

O livro é recheado de trechos que são dignos de serem lidos e relidos diversas vezes, porque nos fascinam de uma forma diferente sempre que nos atrevemos a saboreá-los. E para provar que eu não estou exagerando, leia comigo, por favor:

"Gente morta, ideias mortas e supostamente momentos mortos nunca estão mortos de verdade e eles moldam cada momento de nossas vidas. Nós os ignoramos e isso os torna poderosos."

Imp deseja exorcizar seus demônios ao tentar escrever uma estória de fantasmas, eu a compreendo plenamente. A narradora é uma jovem orfã,  sua mãe e avó (ambas doentes mentais) se suicidaram, e essas tragédias reverberam drasticamente na mente de Imp quando ela passa a viver sozinha. Um dia, Imp encontra Abalyn, uma transexual que faz resenhas de video games, e logo elas engatam em um namoro. Tudo corre bem entre as pombinhas até Eva aparecer, uma mulher peculiar que Imp encontra paralisada na estrada. Segundo a narradora, esta mulher pode ser uma sereia, loba ou uma criatura sobrenatural. É sumamente importante mencionar que  talvez tudo seja fruto da esquizofrenia / depressão da contadora de estória, pois ela relaciona o canto desta "mulher-sereia" com o chamado da morte.


Não é à toa que esta obra é uma de minhas favoritas, hahaha! Deem uma chance a Imp, ela merece, e vocês, certamente, não irão se arrepender.
Beijinhos tenebrosos!

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Renego-me

Renego-me a esquecer
o que permiti acontecer
por mero descaso.
Renego-me a esquecer
que a vida reinou em mim,
mas eu a menosprezei,
porque o meu sentir era raso.
Renego-me a esquecer
que a ansiei, mas fui a causadora
do seu lancinante ocaso.
Renego-me,
e vislumbro-me perecer
a cada passo.

Autoria: Jeane Tertuliano